sexta-feira, 23 de novembro de 2007

“Quem deveria fazer o papel de oposição não é o jornal”



O jornal O Popular foi fundado em 3 de abril de 1938 por Joaquim Câmara Filho, em parceria com seus irmãos Vicente Rebouças e Jaime Câmara, já como reflexo da renovação política do país, a partir da chamada Revolução de 30. O jornal foi criado um ano depois de que os irmãos Câmara transferiram-se para Goiânia e instalaram a então recém-fundada firma J. Câmara & Irmãos - que depois passou a se chamar Organização Jaime Câmara (OJC). Nesse contexto histórico nasce Tasso Câmara, filho mais velho de Joaquim Câmara. Tasso começa a trabalhar na OJC aos 13 anos de idade, tornando -desde cedo- testemunha e responsável pela a evolução e consolidação da OJC e da imprensa em Goiás.
Hoje, a Organização Jaime Câmara se desdobra em jornais, emissoras de rádio, estações de televisão, serviços gráficos, além de inúmeras outras atividades empresariais e sociais. Tasso atualmente, aos 73 anos, é Diretor Superintendente da OJC e Presidente do Conselho Curado da Fundação Jaime Câmara. Em entrevista concebida no dia 19 de outubro de 2005, ele retrata os fatores tecnológicos e políticos que marcaram a história da imprensa goiana, a partir da fundação da OJC.


O que mudou na imprensa, em Goiás, desde o ingresso do senhor nela até os dias atuais? E de que maneira o jornal O Popular contribuiu para as inovações do jornalismo goiano?
Tasso Câmara: No começo o jornal era feito manualmente – palavra por palavra- depois se passou a compor na linotipo e atualmente pela computação. Inicialmente, os processos de impressão do jornal eram feitos por máquinas planas rodadas a mão, que foram em seguida substituídas pelas rotoplanas. Hoje em dia o jornal é impresso em máquinas rotativas, também chamadas de off set. Essas inovações e evoluções foram iniciadas pelo O Popular.

Quando se criou O Popular, muitos outros jornais surgiram como concorrentes a ele. Quais eram esses jornais?
Tasso Câmara: Na época que O Popular foi fundado, os seus grandes concorrentes eram os jornais de Minas Gerais como o Correio Católico de Uberaba e o Repórter de Araguari, que tinha grande influência na política. Inclusive, nessa época, os políticos de grande prestígio naquela região eram eleitos deputados em Goiás.

O jornalismo nem sempre foi exclusivamente informativo, pois antigamente apresentava um caráter político, partidário. Inicialmente, o jornal O Popular era gerenciado dessa maneira ou não?
Tasso Câmara: Na época, o jornal tinha ligações com o governo em função dos Diretores, os proprietários, serem políticos. O meu pai - Joaquim Câmara Filho- foi, durante um tempo, Secretário de Estado da Agricultura, enquanto meu tio - Jaime Câmara - foi Deputado Federal e Prefeito de Goiânia. Portanto, havia uma influência política no veículo, o que não existe hoje. Nós não temos políticos. Porém, a independência do jornal O Popular em relação ao Poder Público, não ocorreu de uma vez, demorou vários anos para atingir o estágio atual.


Como se dá a independência do jornal O Popular?
Tasso Câmara: A independência é de interesse público, da coletividade. Nós fazemos jornal visando à melhoria do Estado e não para o Governo. Você não pode buscar um acontecimento, só tem que divulgá-lo. O jornal não nasceu para realizar denúncias, mas para reproduzir e publicar o fato quando esse existe. Quem deveria fazer o papel de oposição não é o jornal, e sim o poder Legislativo que não o faz.

Quais são os desafios a serem enfrentados pela imprensa goiana? O que falta e precisa melhorar?
Tasso Câmara: Hoje, o jornal é todo feito por meio de computador. Como a evolução no sistema de informática muda com freqüência, é preciso investir, evoluir para acompanhar o mercado. Deve-se sempre aperfeiçoar os equipamentos, não se pode parar.

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