sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Padre Jesus descreve sua trajetória profissional

Os alunos do segundo período de jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) foram encarregados de retratar a história e o desenvolvimento da imprensa goiana. Através de relatos de profissionais, os estudantes procuraram aprofundar seus conhecimentos e compreender o processo pelo qual passou o jornalismo no estado.
Um dos entrevistados foi Padre Jesus Flores. O senhor de 72 anos de idade é um dos ícones da história goiana, atua ativamente na imprensa e tem formação universitária em filosofia e teologia. Ele afirmou que apesar de não ser graduado em jornalismo, os cursos que estudou eram voltados para o ato de comunicar por isso não teve maiores dificuldades. O padre alegou que já participava de alguns programas religiosos em rádios desde 1961, mas que em 1984 ele percebeu que a melhor maneira para veicular a mensagem religiosa era se inserir no jornalismo e fazer uma leitura cristã dos acontecimentos, tentando entender o mundo de um ponto de vista evangélico.
O padre esclareceu que os jornalistas devem ser os olhos, os ouvidos e o coração daquilo que vive e que sente a comunidade, seu papel seria assim traduzir os fatos para que todos possam compreender. Ele constatou que a mídia goiana é provinciana, não há verdadeira autonomia em nenhum jornal da região e que os meios de comunicação são extremamente ligados ao poder dominante. Concluiu que a mídia nacional em geral é bastante preconceituosa com as minorias e também com o PT e o Lula,por este não ter formação escolar e ser um trabalhador.
Padre Jesus afirmou que não acredita na objetividade e imparcialidade no jornalismo e esclareceu que é impossível não haver subjetividade no que se escreve. Ele disse que compreende as limitações dos profissionais na medida em que estes são subalternos e portanto sofrem tantas vezes com censuras e falta de liberdade. No entanto, ele condena os indivíduos que são limitados pela autocrítica quando ela é atrelada a compromissos políticos, econômicos ou sociais.


Padre Jesus narra lembrança profissional e aconselha os futuros jornalistas


Padre Jesus revelou que a sua melhor lembrança profissional vem do tempo em que já trabalhava na rádio Difusora. A emissora dava total apoio aos movimentos populares e ele julga inesquecível o trabalho que fez em relação aos posseiros. O padre contou que juntamente com sua equipe, defendeu o direito dos posseiros em Goiânia e impediu que esses sofressem qualquer tipo de violência.
O comunicador concluiu a entrevista dizendo que para ser um jornalista competente deve-se estudar muito, viver no meio do povo e não ser “porta-voz” de ninguém. O importante seria assim trabalhar para ter espírito crítico e ser capaz de analisar a realidade e transmitir uma visão sadia e ética para a população.
Gustavo Rocha
Vanessa de Souza

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