sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Batista Custódio e o Jornalismo goiano


Jornalista pioneiro em Goiás, editor chefe do Diário da manhã, Batista Custódio começou a escrever na sua juventude em pequenos jornais da capital até fundar o seu primeiro jornal, Cinco de Março. “Numa manhã de sábado, eu me lembro, cheguei na praça do Bandeirante, lá pelas seis horas e estava aquele alvoroço. O pessoal, a mando do presidente de hoje da Celg, tinha assassinado o diretor do jornal O Momento. Eu fiquei muito impressionado com aquilo e desde aquele assassinado criou-se um medo muito grande. Resolvi fundar o Cinco de Março, um jornal do estudante”, explicou o jornalista. O jornal cresceu e chegava a vender até 65 mil exemplares por semana. “O Diário da Manhã e O Popular hoje, por exemplo, não vendem o que ele vendia”, completou Batista.
Durante a ditadura, foi alvo de repressões, chegando a passar até oito meses na prisão. “Denunciei uma corrupção do governo e uma grilagem de um grupo norte-americano no Norte. O governo se aliou a esse pessoal e eu fui condenado sem direito à defesa”, declarou o editor. Ainda assim, continuou escrevendo suas matérias.
Em 1980, fundou o jornal Diário da Manhã e desativou o Cinco de Março. “Por que eu fundei o Diário da Manhã? Eu sempre entendi que não temos imprensa nacional, nós temos imprensa regional no Rio e em São Paulo, embutindo o resto do país, interesseiros. Então, tentei fundar o primeiro jornal diário que transformasse Goiás em um centro emissor de notícia ao invés de receptor”, relatou. O jornal contava com uma equipe com nomes como Mino Carta, fundador da revista Veja, Cláudio Abrão e Marco Antônio Coelho.
Após 25 anos à frente do Diário da Manhã, que se tornou um dos principais jornais goianos, livre da censura e repressão militar, Batista é categórico ao avaliar a liberdade de imprensa, “a liberdade que existe hoje é uma forma de dissimular o autoritarismo. Quem disser que existe atualmente jornal independente está mentindo”. Disse também que procura estar sempre à frente do seu tempo e entende que “jornalista não pode ter nem ideologia, nem teologia, nenhuma forma de engajamento a não ser a ideologia à liberdade”.
Chico Ciccone
Elisa Caetano

Nenhum comentário: