sexta-feira, 23 de novembro de 2007

“Grandes profissionais, grandes conflitos, grandes divergências. Isso faz a beleza da comunicação”


O jornalista Reynaldo Rocha já passou por vários veículos de comunicação, presenciou as transformações que o jornalismo sofreu ao longo das últimas décadas e continua atuando como comunicador com bastante entusiasmo.
Hoje, aos 61 anos, apresenta o programa Roda Viva Local, que vai ao ar às noites de terça-feira, pela TV Cultura, e representa um importante símbolo da história do jornalismo no estado de Goiás.
Nascido em Corumbá, mas morador de Goiânia desde os cinco anos de idade, Reynaldo Rocha, iniciou sua carreira aos 18 anos extinto jornal “Diário do Oeste” – época em que os cursos de comunicação ainda não existiam no estado. Anos depois, formou-se na primeira turma de jornalismo da Universidade Federal de Goiás. Apesar de ostentar com orgulho o diploma conquistado, Reinaldo não defende a obrigatoriedade da formação superior para o exercício do jornalismo. Esse e outros temas foram tratados na entrevista que o apresentador nos concedeu, terça-feira, 18, na Associação de Empresas do Mercado Imobiliário – Ademi, para a qual presta assessoria de imprensa.
Experiente – trabalhou na TV Anhanguera, foi correspondente de Goiás para a revista Veja e para o Jornal do Brasil e o Globo , trabalhou como editor chefe do jornal “O Popular” – Reynaldo falou sobre as mudanças ideológicas e econômicas pelas quais o jornalismo tem passado, o papel da televisão na sociedade, as conseqüências sofridas pela imprensa durante o período ditatorial, a consolidação da democracia no Brasil e em Goiás e sua vocação à comunicação.
Filho e irmão de jornalistas, Reynaldo, também formado em Direito, prestou vestibular para Engenharia, Arquitetura e Economia, mas garante: “ O jornalismo é minha paixão”.

Como o senhor começou sua carreira?
Reynaldo Rocha: Comecei com 18 anos em uma situação diferente da de hoje. Na época, não havia curso de comunicação em Goiás, portanto o mercado era completamente livre. Entrava – se em uma redação de jornal atrás de um emprego como outro qualquer. Eu havia perdido o emprego, precisava trabalhar... Havia oportunidade em um jornal, chamado "Diário do Oeste" e resolvi aproveitá – la. Um empresário tinha uma gráfica e decidiu montar o jornal. No começo, não havia regulamentação. Depois de um tempo, o Ministério do Trabalho quis regularizar a situação e emitiu licenças provisórias que, mais tarde, se tornaram permanentes. Em seguida, surgiu uma lei que foi a ultima oportunidade dada para a regulamentação da profissão de jornalista no Brasil.

Qual era a ideologia do jornal “Diário do Oeste”?
Reynaldo Rocha: Naquela época, o jornal era muito efervescente. Havia uma inclinação para a esquerda, tanto que ele acabou logo depois do Golpe Militar de 64. Devido à pressão violenta que sofreu, o veiculo foi vendido para um pessoal de Direito, que o manteve para que ficasse um registro histórico da resistência da imprensa de Goiás à mudança do regime. Era um período negro da ditadura brasileira e o jornal não sobreviveu por muito tempo. Quando começou a entrar em crise, eu já havia sido convidado para um outro jornal, o “Diário de Goiás”, que sobreviveu por uns três anos. Este jornal pertencia ao governo do Estado. O governo Mauro Borges tinha o Consórcio de Empresas de Rádio Difusora do Estado – Cerne. A idéia era fazer uma espécie de ponto de orientação dentro da estrutura do Estado – rádio, televisão, agência de propaganda e jornal.

Qual foi o posicionamento da imprensa goiana na época da ditadura militar?
Reynaldo Rocha: A imprensa foi muito rigorosa nos primeiros momentos. Os jornais conviveram com os chamados censores, que iam para as redações vigiar o que você estava elaborando, o que você ia editar e publicar no dia seguinte. No começo, houve muita resistência e confronto, mas, a partir do momento em que o regime foi ficando mais duro, não havia como resistir. Um jornal foi fechado e outros, como o “Correio da Manhã”, que era anti – militar, foram sucateados e asfixiados economicamente, não sobrevivendo. O “Correio da Manhã” teve uma oposição muito definida; fez história.

Há quem diga que vivemos em uma ditadura camuflada. O senhor acha que a democracia está bem estabelecida?
Reinaldo Rocha: Perfeitamente. As instituições estão fortes e a imprensa popular foi adquirida. As mazelas históricas do país estão sendo desvendadas e as pessoas estão sendo punidas. Quem imaginava que um dia Paulo Maluf iria ser preso? Foi detido porque houve cobertura de toda a imprensa. Só não concordo com os critérios que a Globo utiliza e com a exclusividade que ela tem. Isso é um atentado contra a liberdade, um péssimo exemplo e configura um outro tipo de ditadura: a ditadura do poder absoluto. A Globo acha que é maior do que qualquer coisa no País, maior até do que o próprio governo. Assim, ela faz e desfaz. Aquilo é um exemplo de empresa forte.

O senhor acredita que os veículos deixaram de lado a ideologia?
Reynaldo Rocha: Eu acho que os jornais eram muito mais ideologizados do que hoje. Agora, eles são muito mais empresariais. Atualmente, se os veículos não tiverem um equilíbrio financeiro, eles quebram e, às vezes, para se ter esse equilíbrio é preciso saber que os poderes constituintes são grandes. Eu não digo que os jornalistas deixaram de ter suas ideologias. Eles continuam sendo agentes ativos e têm muito mais percepção do que a média das pessoas. Mas, os jornais de antigamente eram muito mais forçados: uma capa tinha uma posição e brigava por ela. Mas na verdade a grande transformação foi de natureza tecnológica. Hoje, a sociedade tem acesso muito mais rápido à mensagem porque tem à disposição modernas tecnologias. Você nem precisa mais comprar jornal. Em casa, vendo televisão ou em frente ao computador, você sabe o que está se passando no mundo. A sociedade brasileira avançou muito e rompeu uma timidez histórica em função desse maior acesso via tecnologia. Mas, sempre há os grandes profissionais, os grandes conflitos, dúvidas e divergências; e isso faz a beleza da comunicação.

O senhor falou que houve um certo atraso do Brasil em relação a outros países no estabelecimento da imprensa. E em Goiás? A imprensa goiana sempre esteve atrasada em relação a de outros estados brasileiros?
Reynaldo Rocha: Sim. Como você concebe uma capital igual a Goiânia, com um milhão e 300 mil habitantes, dispor de apenas dois jornais diários? É um absurdo! Isso acontece devido à questão empresarial. Um jornal custa muito dinheiro, as edições são caras, os profissionais, nem tanto, porque recebem pouco. As pessoas dizem que houve uma regressão. No tempo em que comecei, chegamos a ter cinco diários. Acho que quanto mais veículos melhor é a imprensa, porque há uma concorrência mais saudável. Outra coisa interessante é que Goiás é uma referência de crescimento econômico no Brasil, porém as empresas têm uma visão atrasada, não anunciam. Os jornais são muito ligados ao governo e, por isso, têm dificuldade de se manter. O governo anuncia porque tem que comunicar o que faz à população. E a mídia, para agradar, dá a ele um anúncio que não precisava. Na época em que comecei as coisas eram mais modestas. Quem mantinha os jornais eram os comerciantes. Anunciavam farmacêuticos, donos de padarias...Você quase não via anúncios oficiais. Hoje,o público cresceu e houve uma evolução da televisão, que soma ao jornalismo entretenimento. Uma novela ou uma baixaria, como o programa do Ratinho, seduz as pessoas. Você senta na sala e os programas estão diante de você. Essa facilidade tem prejudicado a capacidade de questionamento da população brasileira.

Por que a televisão não prioriza programas que discutem temas polêmicos, informam e têm conteúdo, como o programa que o senhor apresenta?
Reynaldo Rocha: Vou dizer uma coisa bem emblemática. Logo que comecei o programa (Roda Viva Local), uma pessoa importantíssima da TV Anhanguera me disse: “Eu lamento não ter aqui um programa igual ao seu, porque qualidade é isso aí”. Ou seja, os profissionais não têm culpa, a questão é empresarial. Na TV Anhanguera, colocar uma hora para discutir esses assuntos é perda de dinheiro. E quem monta a grade de programação é a Rede Globo. Assim, as afiliadas têm que seguir a ditadura da Central Globo de Comercialização. Na TV Cultura nunca tive nenhum problema. Sempre trabalhei com muita seriedade e busco agregar valor naquilo que comunico. Não quero ditar regra a ninguém, nem fazer igual ao Lula dizendo que não há ninguém mais ético do que eu, pois há muita gente ética. Mas, eu sou ético e por isso é que tenho feito uma carreira de respeito. Essa é a lição que o jornalista tem que decorar.


Daniela Rodrigues
Larissa Bittar

Padre Jesus descreve sua trajetória profissional

Os alunos do segundo período de jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) foram encarregados de retratar a história e o desenvolvimento da imprensa goiana. Através de relatos de profissionais, os estudantes procuraram aprofundar seus conhecimentos e compreender o processo pelo qual passou o jornalismo no estado.
Um dos entrevistados foi Padre Jesus Flores. O senhor de 72 anos de idade é um dos ícones da história goiana, atua ativamente na imprensa e tem formação universitária em filosofia e teologia. Ele afirmou que apesar de não ser graduado em jornalismo, os cursos que estudou eram voltados para o ato de comunicar por isso não teve maiores dificuldades. O padre alegou que já participava de alguns programas religiosos em rádios desde 1961, mas que em 1984 ele percebeu que a melhor maneira para veicular a mensagem religiosa era se inserir no jornalismo e fazer uma leitura cristã dos acontecimentos, tentando entender o mundo de um ponto de vista evangélico.
O padre esclareceu que os jornalistas devem ser os olhos, os ouvidos e o coração daquilo que vive e que sente a comunidade, seu papel seria assim traduzir os fatos para que todos possam compreender. Ele constatou que a mídia goiana é provinciana, não há verdadeira autonomia em nenhum jornal da região e que os meios de comunicação são extremamente ligados ao poder dominante. Concluiu que a mídia nacional em geral é bastante preconceituosa com as minorias e também com o PT e o Lula,por este não ter formação escolar e ser um trabalhador.
Padre Jesus afirmou que não acredita na objetividade e imparcialidade no jornalismo e esclareceu que é impossível não haver subjetividade no que se escreve. Ele disse que compreende as limitações dos profissionais na medida em que estes são subalternos e portanto sofrem tantas vezes com censuras e falta de liberdade. No entanto, ele condena os indivíduos que são limitados pela autocrítica quando ela é atrelada a compromissos políticos, econômicos ou sociais.


Padre Jesus narra lembrança profissional e aconselha os futuros jornalistas


Padre Jesus revelou que a sua melhor lembrança profissional vem do tempo em que já trabalhava na rádio Difusora. A emissora dava total apoio aos movimentos populares e ele julga inesquecível o trabalho que fez em relação aos posseiros. O padre contou que juntamente com sua equipe, defendeu o direito dos posseiros em Goiânia e impediu que esses sofressem qualquer tipo de violência.
O comunicador concluiu a entrevista dizendo que para ser um jornalista competente deve-se estudar muito, viver no meio do povo e não ser “porta-voz” de ninguém. O importante seria assim trabalhar para ter espírito crítico e ser capaz de analisar a realidade e transmitir uma visão sadia e ética para a população.
Gustavo Rocha
Vanessa de Souza

Revista Oeste, um marco cultural


No dia cinco de julho de 1942, data do Batismo Cultural de Goiânia, foi fundada a Revista Oeste, um veículo de propaganda de Pedro Ludovico Teixeira, primeiro prefeito de Goiânia. Embora de clara orientação estadonovista, ela contribuiu de forma grande e positiva para o nascimento de nossa literatura, até então presa ao romantismo.
De acordo com um decreto de três de fevereiro de 1943, o governo tornou a revista um órgão oficial e instituiu-a com finalidades de cunho exclusivamente cultural, como divulgação de tendências literárias e sociológicas da região, instituir concursos literários, ajudar na influência de pensamento positivo frente ao governo estadual e nacional, estimular escritores goianos, esse último tornou-se marca principal da revista Oeste. Escritores como Bernardo Elis, Domingos Félix de Sousa, Gerson de Castro Costa, Hugo de Carvalho Ramos, entre outros, tiveram suas obras literárias divulgadas pela revista.
A Revista Oeste tomou reconhecimento nacional, o então Diretor Geral do Departamento Nacional de Educação, Abgar Renault, disse na época que a revista “rivaliza com o que de melhor no gênero é publicado nos mais adiantados centros culturais de todo o país”. Apesar de ser uma das melhores revistas de ênfase cultural no país, ela foi criticada justamente por assumir essa postura. O crítico e poeta, Antônio Ramos Jubé, em entrevista ao Jornal Opção afirma que: “A revista Oeste não teve influência nenhuma. Em toda província, havendo uma revista, o pessoal só pensa em escrever conto ou fazer poesia, mais nada. Não há debate intelectual (...) O Popular dava um espaço mais constante para a literatura”.
Sendo a favor ou não à postura ideológica da Revista Oeste, é impossível negar que ela foi importante no processo da transferência da capital para Goiânia. Seus diretores, principalmente Gerson de Castro Costa e Paulo Figueiredo, que foram os primeiros, colocaram a nova capital no eixo cultural brasileiro e em suas páginas os melhores nomes da literatura e do jornalismo goiano até o ano de 1944, data de sua última publicação.



Adriano Muhammad
Vinícius Batista

Batista Custódio e o Jornalismo goiano


Jornalista pioneiro em Goiás, editor chefe do Diário da manhã, Batista Custódio começou a escrever na sua juventude em pequenos jornais da capital até fundar o seu primeiro jornal, Cinco de Março. “Numa manhã de sábado, eu me lembro, cheguei na praça do Bandeirante, lá pelas seis horas e estava aquele alvoroço. O pessoal, a mando do presidente de hoje da Celg, tinha assassinado o diretor do jornal O Momento. Eu fiquei muito impressionado com aquilo e desde aquele assassinado criou-se um medo muito grande. Resolvi fundar o Cinco de Março, um jornal do estudante”, explicou o jornalista. O jornal cresceu e chegava a vender até 65 mil exemplares por semana. “O Diário da Manhã e O Popular hoje, por exemplo, não vendem o que ele vendia”, completou Batista.
Durante a ditadura, foi alvo de repressões, chegando a passar até oito meses na prisão. “Denunciei uma corrupção do governo e uma grilagem de um grupo norte-americano no Norte. O governo se aliou a esse pessoal e eu fui condenado sem direito à defesa”, declarou o editor. Ainda assim, continuou escrevendo suas matérias.
Em 1980, fundou o jornal Diário da Manhã e desativou o Cinco de Março. “Por que eu fundei o Diário da Manhã? Eu sempre entendi que não temos imprensa nacional, nós temos imprensa regional no Rio e em São Paulo, embutindo o resto do país, interesseiros. Então, tentei fundar o primeiro jornal diário que transformasse Goiás em um centro emissor de notícia ao invés de receptor”, relatou. O jornal contava com uma equipe com nomes como Mino Carta, fundador da revista Veja, Cláudio Abrão e Marco Antônio Coelho.
Após 25 anos à frente do Diário da Manhã, que se tornou um dos principais jornais goianos, livre da censura e repressão militar, Batista é categórico ao avaliar a liberdade de imprensa, “a liberdade que existe hoje é uma forma de dissimular o autoritarismo. Quem disser que existe atualmente jornal independente está mentindo”. Disse também que procura estar sempre à frente do seu tempo e entende que “jornalista não pode ter nem ideologia, nem teologia, nenhuma forma de engajamento a não ser a ideologia à liberdade”.
Chico Ciccone
Elisa Caetano

Matutina Meiapontense

O Matutina Meiapontense foi o primeiro jornal de Goiás, editado pela primeira vez em 5 de março de 1830, no distrito de Meia Ponte (atualmente, Pirenópolis). A história do Matutina Meiapontense reflete a luta dos jornais brasileiros oposicionistas à dominação portuguesa. Em 1829, o Presidente da Província de Goiás, Marechal Miguel Lino de Morais encaminhou um ofício ao império solicitando a instalação de uma tipografia em Goiás. O império não autorizou o feito, de modo que no mesmo ano, o Comendador Joaquim Alves de Oliveira, comandante geral do Distrito de Meia Ponte, um dos homens mais ricos do seu tempo, em desagravo à retaliação do Imperador, comprou, com recursos próprios, uma tipografia no Rio de Janeiro, que foi instalada em Meia Ponte. No ano seguinte, o primeiro número do jornal Matutina Meiapontense trazia o seguinte texto assinado por Miguel Lino de Morais:
A liberdade da imprensa não é considerada como sustentáculo dos governos bem constituídos, senão por que oferece meios para a instrução geral, porquanto é esta que estabelece uma base à segurança e obrigações do cidadão; é ela que faz amar a justiça, respeitar as autoridades e obedecer às leis: um povo instruído, vendo a necessidade da Nação abraça e sofre, sem murmurar, os impostos; considera o governo , como o seu maior bem e aborrece o homem sadicioso e turbulento, como o maior inimigo da sociedade: não entra, pois, em dúvida que a instrução seja a melhor e a maior garantia dos governos constitucionais (...) Talvez pareça mais que audácia o pretender eu oferecer aos meus patrícios goianos um periódico em um Arraial, se quem que o mais populoso da Provincial, falto todavia de comunicações, por estar situado fora da estrada geral e distante de Goiás 26 léguas, para onde unicamente tem um correio mensal; talvez haja mesmo quem diga, que a empresa é superior às minhas forças e que não calculei a tarefa que me impus; eu concordo com todos e é mesmo porque reconheço a pobreza dos meus talentos, que nenhum outro nome me pareceu tão análogo a este periódico, como Matutina, cuja luz muito pouco clareia, mas como se lhe pode negar ser a precursora do dia, creio que assim mesmo irei dissipando as trevas, até que Espíritos Iluminados queiram espalhar suas luzes .
Além dos ideários liberais, percebe-se claramente a presença de um discurso iluminista no texto do Matutina Meiapontense, que acabou influenciando na escolha do seu nome. A Matutina teve duração de quatro anos, num total de 526 exemplares. Sua abrangência extrapolava os limites do Estado de Goiás, adentrando-se no Mato Grosso. Em março de 1836, o Presidente da Província José Rodrigues Jardim comprou a tipografia da Matutina, dando início à criação da imprensa oficial em 1837, na cidade de Goiás, através do Correio Oficial de Goiás.
A partir do número 179, de 21 de maio de 1831, a Matutina passou a trazer no cabeçalho as seguintes frases: “Os Reis só são legítimos quando governam com a Constituição” e “O Direito de resistência é direito público de todo povo livre”, que expressam uma ação política da imprensa nacional que ganhou força e destaque nas lutas pela Independência.

Tribuna do Planalto, Jornal com História

Jornal da Segunda

O Jornal da Segunda nasceu da idéia de Sebastião Barbosa e Luiz Carlos Rangel de cobrir os espaços da segunda-feira, já que os jornais diários da época não tinham circulação as segundas e as matérias de esporte do final de semana eram veiculadas no impresso somente às terças-feiras.
Em 1986, Sebastião e Luiz Carlos eram contratados da Organização Jaime Câmara, Sebastião trabalhava na área de fotolito e Luiz Carlos era editor da área de esportes do jornal O Popular. Eles fizeram uma enquête e concluíram que um jornal só de esporte seria muito lido, mas, teria pouco retorno comercial e por isso o jornal precisaria também abordar outras áreas jornalísticas. O Jornal da Segunda foi lançado no dia 7 de julho de 1987. Criaram o jornal com oito páginas de esporte e o restante de notícias gerais. A primeira sede foi na rua 20, no centro de Goiânia, depois se mudou para o setor Aeroporto e finalmente para a sede atual na Vila Aurora.O jornal contou com a colaboração de colunistas como: Luiz Carlos Bordoni; Paulo Beringhs; Boris Casoy; Lílian Witte Fibe; Mônica Waldvogel, entre outros.

Pioneiro na informatização

O Jornal da Segunda foi o primeiro jornal do Estado de Goiás a ter o sistema de composição gráfica informatizado, segundo Sebastião Barbosa. Em 1994, o jornalista Paulo Beringhs que trabalhava como editor no jornal O Popular, foi para o Jornal da Segunda e assumiu a direção de jornalismo. Paulo Beringhs adquiriu os equipamentos necessários em São Paulo e o jornal ofereceu a três jovens um curso de manuseio, já que não existiam pessoas aptas à operação dos novos equipamentos na época em Goiás. Três meses depois os jovens já estavam formados e trabalhando para o Jornal da Segunda. “As empresas de comunicação foram se informatizando. A gente foi o primeiro que saiu e os outros foram atrás”, destacou Sebastião.

Mudança do nome do jornal

Em 7 de julho de 2003, o Jornal da Segunda mudou o nome para Tribuna do Planalto. A mudança do nome ocorreu devido ao jornal não mais circular somente as segundas, mas ter se tornado semanal. O nome Tribuna do Planalto corresponde ao novo ideal do jornal de cobrir o planalto central, foi montado o laboratório fotográfico e surgiram as primeiras capas coloridas, inaugurando uma nova fase do jornal. “O nosso objetivo também foi fazer uma empresa de comunicação forte, mas regional, preocupando somente na sua área de espaço. Fazer uma empresa de comunicação forte aqui no Planalto Central. Na verdade, nós mudamos o nome para preparar para poder fazer um jornal diário”, afirmou Sebastião Barbosa.

A história do fundador

Sebastião Barbosa, hoje com 52 anos, iniciou o curso de contabilidade e começou a trabalhar no meio da comunicação em 1972, na primeira revista de Goiás em cores, que tinha o nome Leia Agora do empresário José Naves. Sebastião disse que começou a trabalhar na área industrial e depois se afastou por dois anos da área da comunicação para ser jogador de futebol profissional. Posteriormente, voltou a trabalhar na Folha de Goiás, que era o jornal de maior expressão na época. Ficou na Folha de Goiás por três anos e meio até ser contratado pelo O Popular, para trabalhar na área de fotolito e depois na área de editoria de esportes, onde conheceu o editor de esportes, Luiz Carlos Rangel. Sebastião lembra que em Goiânia naquela época, como jornal diário só tinha O Popular circulando. O Diário da Manhã já tinha fechado a Folha de Goiás, porque o Diário comprou o jornal. “Foi o jornalista Batista Custódio que acabou com a Folha de Goiás, ficando só com o Diário da Manhã e chegou a um ponto que o Diário da Manhã também fechou”, comentou Sebastião.
Sebastião e Luiz Carlos fundaram o Jornal da Segunda e consolidaram o jornal no meio impresso. Sebastião expôs que a impressa de Goiás mudou muito desde que ele começou a trabalhar no meio. Disse que antigamente o que pesava na profissão de jornalista era o sobrenome e a tradição familiar e relembrou sobre as dificuldades em se fazer um jornal. “Naquela época, não fazia um jornal com menos de 90, pelo menos três vezes mais o numero de pessoal, com uma qualidade muito inferior.A página de jornal era feito pelo repórter, pelo copy desk, revisor e composição e depois encaminhava para o papel fotográfico. Revisava, fazia a paginação e depois o fotolito, que é fotografar aquela página. Fotografava as fotos separadas e depois fotografava a pagina, concluindo com a montagem para ir para a impressão”.
O fundador e atual diretor geral da Tribuna do Planalto, Sebastião reconhece que começou bem pequeno o jornal, com três máquinas de escrever, uma máquina de fotolito e não tinha máquina de impressão.Sendo assim, a impressão era terceirizada. Posteriormente, montaram uma estrutura própria que hoje é a sede da Tribuna do Planalto na Vila Aurora.

Tribuna do Planalto

A Tribuna do Planalto já não tem mais cobertura esportiva como era no Jornal da Segunda, tendo uma atuação maior na editoria de política. Elizeth, atual editora geral do jornal, diz que as matérias se tornaram mais analíticas, opinativas e menos factuais, conseqüência dos leitores que estão se tornando cada vez mais exigentes. “A notícia é rápida. O leitor mais exigente esta caminhando para a revista. Daqui alguns anos o jornal impresso vai deixando essa missão de notícia rápida para a internet”.
Hoje a tiragem é de 20 mil exemplares, saindo aos domingos com 44 páginas. O jornal possui cinco cadernos: política, comunidades, cultura, um caderno do Estado do Tocantins, que circula aqui e lá, e o caderno Escola que recebe uma atenção especial.

Caderno Escola

O caderno Escola tem 20 páginas sobre educação, formação do aluno e ensino de cidadania. E segundo a editora Geral, Elizeth Araújo, o caderno é o diferencial da Tribuna do Planalto. O caderno passou por uma mudança para ficar mais pedagógico, para o professor poder usa-lo na sala de aula. “Nós temos convênios com duas secretarias, estadual e municipal, e o caderno circula nas escolas. Temos também o maior programa hoje, de concurso de redação. Somos filiados a ANJ que tem esse programa de jornal na escola para a formação de professores”.
A Tribuna recebe alunos das escolas para ver como é uma redação de jornal e como é feito. Há um Centro de Documentação, (Cedoc), que é o centro de dados do jornal que foi feito nesses 20 anos. “Talvez o nosso Cedoc tem a mesma proporção do centro de documentação do O Popular, que tem muito mais anos”, acredita o diretor da Tribuna do Planalto.
Mayara Jordana
Nathália Cristina

Imprensa em Goiás

A associação Goiana de Imprensa (AGI) foi criada por Albatênio de Godoy, na cidade de Goiás em 1934. Ela foi criada para unir os jornalistas no intuito de cuidarem e discutirem interesses comuns.

A reunião que deu origem à associação ocorreu na Faculdade de direito, sendo que, neste dia foi escolhida uma diretoria provisória que tinha como presidente o próprio Albatênio Godoy.
A diretoria provisória ficou no comando da AGI até o dia 5 de Dezembro de 1934. No dia 28 de Novembro, data em que fizeram uma nova assembléia para a aprovação dos estatutos e a eleição da diretoria, apenas uma chapa foi inscrita e eleita por aclamação. Godoy continuou como presente. Ele permaneceu no cargo por 7 anos, até 1941.

Três anos após a criação da AGI, sua sede foi transferida para a nova capital do estado, Goiânia, porém a história da AGI pode ser contada por documentos a partir de 1951, no mandato de Geraldo Vale.
Quando Godoy deixou o cargo, quem assumiu foi o jornalista Joaquim Câmara Filho, um dos diretores do jornal O popular. A partir daí ele se fortaleceu e tornou-se mais atuante na luta pela liberdade de imprensa, expressão de pensamento, pelos direitos humanos e pelo progresso do estado de Goiás.

Os jornais, além dos conteúdos político-partidários, foram responsáveis pela difusão da cultura, por meio de incentivos ao aprimoramento literário, por exemplo.
Na AGI pode-se perceber a atuação da mulher. Ela não lutava pela igualdade sexual, e sim pelo direito à participação no mercado de trabalho e a freqüentar a faculdade.



História da imprensa em Goiás


O primeiro livro publicado sobre a imprensa em Goiás saiu em 1949, com o título Contribuição à História Goiana escrito por José Lobo. Um outro livro é o do pirinepolino Braz Wilson Pompêo de Pina Filho. O livro publicado em 1971 recebeu o título Goiás: História da Imprensa.
Um dos precursores a propagar as informações do contexto histórico, econômico e social sobre a história da imprensa goiana foi Silva e Sousa. Ele reuniu as primeiras informações sobre a população goiana no século XVIII. Ele observou a pobreza e a decadência das minas. Silva ainda pode ser considerado o primeiro comunicador, historiador e estatístico goiano. Na comunicação, ele projetou o nome de Goiás pelo Brasil quando o jornal O Patriota em 1814 publicou a sua Memória Histórica. Silva e Souza também foi um dos primeiros colaboradores da Matutina Meiapontense em 1830. Silva e Souza ainda escreveu em 1832 a Memória estatística da Província de Goiás. Ele morreu em 1840 com 76 anos de idade e foi enterrado na Igreja do Rosário na Cidade de Goiás.
A história da imprensa em Goiás pode ser dividida em cinco períodos. O primeiro vai de 1830 a 1834. Essa fase é marcada pelo surgimento do 1º jornal goiano: A Matutina Meiapontense. O segundo período é um pouco mais longo que o primeiro. Ele vai do fim da matutina até o aparecimento do Correio Oficial de Goiás e de vários outros periódicos marcados por um teor ideológico abolicionista, republicano ou político local. O terceiro período vai desde o fechamento do Correio Oficial em 1890 até 1936 com a criação da Associação Goiana de Imprensa, AGI, até 1936 com a transferência do Correio Oficial para Goiânia. O quarto período vai até 1945. Ele é marcado pelo surgimento de periódicos como a revista Oeste e a implantação do Departamento de Imprensa e Propaganda, DIP, no governo de Getúlio Vargas.


A Matutina Meiapontense


A Matutina Meiapontense surgiu no antigo arraial de Meia Ponte, atual Pirenópolis, no dia 5 de março de 1830. Neste mesmo ano, também surgiu a Lei de Imprensa, ditada pelo governo para regular a linguagem ideológica que era considerada ferina e imoral pelo governo.
A Matutina surgiu em um momento em que os brasileiros estavam comemorando a liberdade. Na época, o Brasil havia acabado de proclamar a independência. Assim, surgia a necessidade de se criar um periódico que pudesse registrar os sentimentos de um povo que até o momento vivia da garimpagem.
O surgimento do matutina ecoou como um reforçador dos princípios da Revolução Francesa que pregava postulados liberais e combatiam abertamente o absolutismo.
A primeira Lei Brasileira de Imprensa foi promulgada no dia 22 de novembro de 1823, antecedendo a Carta magna de 1824. Um dos tópicos da lei era que nenhum escrito de qualquer qualidade, volume e denominação está sujeita à censura, nem antes ou depois de impresso. Porém somente em 1830 uma nova lei surgiu para regulamentar a matéria, discriminando abusos passíveis de punição. Durante o império a imprensa contava com relativa liberdade. A Matutina Meiapontense circulou de 5 de maio de 1830 a 24 de maio de 1834, com um total de 526 números. As vezes saia as terças feiras e Sexta, passando a partir do número 25 a sair três vezes por semana.
Segundo José Lobo, a Matutina “serviu com lealdade à causa da democracia, defendendo os interesses do povo”.


Correio Oficial


O Correio Oficial circulou pela primeira vez no dia 3 de junho de 1837, sob a direção de Mariano Teixeira dos Santos. Ele usou o mesmo tipógrafo do Matutina. Esse periódico circulou durante 15 anos quando os atos oficiais, segundo informação de José Lobo, passaram a ser publicados no jornal O Tocantins.
Depois de algum tempo com a mudança da capital do estado, o Correio Oficial começou a circular em Goiânia em 1936. Ele trazia algumas páginas ao então interventor Pedro Ludovico Teixeira e uma saudação à jovem Goiânia. Em 1940, O Correio recebeu um ampla reforma, com a aquisição de modernos aparelhos de composição e várias máquinas automáticas. A partir de esse fato em 12 de março de 1944, o Correio Oficial veio a se chamar então, Diário Oficial.
Ana Flávia Teixeira
Mirian Naiara Vasconcelos